quarta-feira, 25 de junho de 2014

Mais um tanto de mim

Prestes a encerrar mais um ciclo, meus sentimentos estão confusos e misturados. Estou incrivelmente ansiosa para dar mais esse passo, pra virar mais essa página, porém com muito medo.
Quando fiz trinta, eu estava eufórica, muito diferente de agora. Emanava segurança, disposição, entusiasmo...


Hoje estou assustada. Não com a idade que se aproxima. Nada disso. Estou assustada pelo fato de conseguir assumir posições, fraquezas, amores, paixões, minha timidez (sim!), minha lágrima fácil, minha dificuldade em me expressar pra quem amo, meu medo de magoar o outro mais do que a mim mesma, minha sensibilidade exacerbada, meu instinto materno, minha docilidade que a cada dia aflora mais que toda minha braveza, minha inquietude, minhas inseguranças, meus fantasmas, minha impulsividade, minha vontade de viver muito tudo...

Tenho pressa. Sinto que há muito tempo permaneci dormente nesse mundão. Desde que migrei para os trinta anos, notei que essa intensidade que toma conta de mim precisava sair.


Reli esses dias meu texto de quando me tornei balzaquiana e notei que muitas coisas mudaram.

O que não mudou foi minha vontade de ser uma eterna apaixonada. O que acho muito difícil mudar é essa crença nas pessoas, na sinceridade delas que, muitas vezes, só existe em apenas uma das vias. O que tenho certeza é que transbordo amor. E que por conta desse amor é que aproximo e afasto as pessoas.


Continuo durona, demoro pra baixar a guarda, mas noto que a cada dia vale menos a pena manter a casca. Ela é minha proteção, minha blindagem para não desmoronar, sei disso. Porém ando preferindo viver. E quero poder continuar a caminhar com quem queira também.

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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Feras de lugar nenhum

não alimente os animais
não alimente as feras
não alimente as sombras
não alimente os medos
não alimente os covardes

fecho o zoológico
tranco os portões
Recolho as lonas
expulso as sombras
varro a poeira do "não amor"

e me protejo de quem me oferece um falso abrigo.

sábado, 14 de junho de 2014

O apanhador de desperdícios

Ganhei esse poema numa terça-feira de junho, fria e triste.
Fui salva.....


Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que as dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
Porque eu não sou da informática:
eu sou da invencionática.
Só uso a palavra para compor os meus silêncios.


Manoel de Barros

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Eternamente

NÃO-ME-PEÇA-PRA-SER-METADE

NÃO-SEI-SER-MEIAS-VERDADES

SÓ-SEI-SER-EU-INTEIRAMENTE

E-T-E-R-N-A-M-E-N-T-E

domingo, 8 de junho de 2014

Vôos


Que nada cale
meu constante
desejo
de amar

Amar
Amor
Amando
Amado

Infinita
intensidade
Arredia
Resistência

Fico
Vou
Liberto
Vôo

e sempre
que
transborda,
Divido