quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Chuva e Trovão

Fazia frio.

Exausta de tamanha solidão
apreciava a chuva
que desabava sobre a cidade.

Refugiei-me debaixo do chuveiro.

A esponja ensaboada
– carícias em minha pele.

Mergulhada na neblina do banheiro
a água quente a deslizar por meu rosto
………………….beijar meus seios
………………….abraçar meu corpo

………………….Molhava-me.

Enxurrada delírio trovão.


Jonathan Constantino
http://versosnalinhadotempo.wordpress.com/
Imagem: Alyssa Monks
#Libertária

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Nó[s]



Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nós Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó eU Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó EU Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Eu Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó voCê Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó nÓs Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó eu Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó NóS Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó vOcê Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó EU Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó eu Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó NóS Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó VOCÊ Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó NóS Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó vocÊ Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó Nó

ATO HUMANO DELIBERADO


quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O amor acaba


Por Paulo Mendes Campos

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; e no olhar do cavaleiro errante que passou pela pensão; às vezes acaba o amor nos braços torturados de Jesus, filho crucificado de todas as mulheres; mecanicamente, no elevador, como se lhe faltasse energia; no andar diferente da irmã dentro de casa o amor pode acabar; na epifania da pretensão ridícula dos bigodes; nas ligas, nas cintas, nos brincos e nas silabadas femininas; quando a alma se habitua às províncias empoeiradas da Ásia, onde o amor pode ser outra coisa, o amor pode acabar; na compulsão da simplicidade simplesmente; no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; em cavernas de sala e quarto conjugados o amor se eriça e acaba; no inferno o amor não começa; na usura o amor se dissolve; em Brasília o amor pode virar pó; no Rio, frivolidade; em Belo Horizonte, remorso; em São Paulo, dinheiro; uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; e muitas vezes acaba em ouro e diamante, dispersado entre astros; e acaba nas encruzilhadas de Paris, Londres, Nova Iorque; no coração que se dilata e quebra, e o médico sentencia imprestável para o amor; e acaba no longo périplo, tocando em todos os portos, até se desfazer em mares gelados; e acaba depois que se viu a bruma que veste o mundo; na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.


Texto extraído do livro "O amor acaba", Editora Civilização Brasileira – Rio de Janeiro, 1999, pág. 21, organização e apresentação de Flávio Pinheiro.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Sobre profissões, ser mulher e escolhas

Quando era pequena, sempre dizia que queria ser arqueóloga ou astrônoma. Achava o máximo a ideia de viajar bastante e poder encontrar resquícios de vidas passadas ou poder estudar o céu e as estrelas e ver que não estamos sozinh@s por aqui. Não me recordo quem ou que me fez despertar este interesse por estas profissões tão incomuns, porém consigo lembrar os motivos que me fizeram desistir.

Eu sou a filha do meio. Tenho uma irmã mais velha e um irmão mais novo. Nós, as meninas, éramos acordadas gentilmente, às 8h da manhã, com salpicadas de água em nossos rostos, para que pudéssemos ajudar a nossa mãe nas tarefas do lar, enquanto meu irmão podia continuar com o sono dos justos. Dos três aos sete anos, mais ou menos, fiz natação. Fui a menina mais jovem da academia a ser medalhista nas quatro modalidades, aos sete anos de idade. Mas por ser uma mocinha, quando crescesse me disseram que ficaria feia com os ombros largos e por isso me convenceram a desistir. Aos oito anos, creio eu, entrei no ballet. Porém não me enquadrava nos padrões daquelas meninas esguias. Sempre fui baixinha e pernuda. Saí.

Passei a infância e a adolescência brigando com os padrões e tentando fugir deles, ao passo que escutava de muitos: "Não pode ser! Você nasceu errada!". Era uma exímia jogadora de handball e basquete do time da escola, apesar da minha baixa estatura. No portão de casa, os garotos gritavam: "Euler! Vem jogar bola!", para o desespero dos meus pais. Aos 13 ou 14, época em que os meninos passaram a me despertar outros interesses, além de brincadeiras de "mão", piadinhas e conversas sem sentindo, as quais adorava fazer parte, tentei me enquadrar nos padrões da época: tênis Keds, cabelo chanel com franja de Mc Donald's, legging e mochila de bichinho. Resultado: um fiasco! Gostava mesmo era de usar mini blusas ou camisetas e pegar as bermudas e calças do meu pai para que parecessem "big". Era mais feliz assim.


Nas conversas que tinha com a minha irmã, porém, eu me espelhava nas estereotipadas propagandas de margarina e dizia que queria ter uma família daquele jeito: papai, mamãe e filhinha. Afinal, era o único modelo que conhecia. Já minha irmã dizia que se pudesse ter um filho por geração espontânea, preferiria. Hoje a vida tratou de inverter tudo; eu cuido de minha filha "sozinha" e minha irmã tem a família dela. Longe, ambas, de ser uma "Doriana" da vida (ainda bem!).

Já quis também ser jogadora de basquete profissional, pianista, jornalista, atriz... Mas para cada desejo meu, surgia alguém para me dizer que isso não era coisa de menina. Meus pais me incentivavam do jeito deles e não os culpo por passarem a vida tentando que eu me enquadrasse para que eu não sofresse. Hoje olho para minha filha e desejo que ela busque os caminhos dela, com ou sem dor, tendo a certeza de que ela poderá contar comigo independente da escolha que fizer.

Sou fotógrafa, trabalho com gente, nas redes ou pessoalmente, e extremamente grata pelos caminhos tortos que trilhei.

Ainda há gente que não compreende, olha de canto, tenta me "consertar", mas desde muito menina aprendi a brigar pelo que acredito e mantenho o terrível defeito de ser questionadora e sonhadora.

Por favor, não me acordem!

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Enlouqueci aos trinta

Aos trinta eu fiz
Pensei demais, enxerguei longe e percebi além
Com trinta anos eu me apaixonei por um menino, por psicanálise e por mais três livros
Senti tesão por mim e desejei uma moça ou duas; sem culpa
Aos trinta, me chamaram de puta, ousada, separada, me olharam com dó; não vi
Com os mesmos trinta, me admiraram, me desejaram, me chamaram de vadia; gostei
Deleguei minha filha ao pai, viajei, bebi e dormi 12 horas; nada de culpa
Recuperei laços, desfiz alguns e fiz nós, muitos nós
Passei máquina 3 no cabelo, pintei o olho de preto e usei batom vermelho. Adorei.
Me olhei no espelho ontem e gostei do que vi. Hoje, não. Amanhã, sei lá.
Afirmei gostar de sexo sem compromisso (a não ser comigo mesmo), achar que nunca amei alguém e já ter transado no primeiro encontro. Culpa zero.
Trintei e gritei ser feminista, chata e visceral. Ouviram.
Disse pra todo mundo que gosto de política, de futebol, que choro à toa, dou risada de graça e prefiro não comer carne
Arrumei um emprego novo, meu quarto e me intitulei fotógrafa; e mais outra paixão, nesse meio tempo
Afirmei ser preguiçosa, decidi ser menos técnica, forcei um ócio criativo e produzi mais
Descobri que prefiro o horário da tarde pra noite e que sempre aguardo feliz, o horário de verão
Comecei uma pós, resolvei fazer mestrado, mochilar, dormir menos e trabalhar muito; vou ser mestra.
Contei: dez tatuagens. Quero mais
Notei que música me move, me paralisa e tenho trilha pra tudo
Confessei que não gosto de religião e que optei por pisar na terra, abraçar uma árvore e agradecer ao universo. Choquei.
Revelei que sou careta e que minha única brisa é a da cerveja e de um cigarro no porre ou o maço todo

Trinta anos; menina inquieta, mulher vulcão

Enlouqueci, dizem.
Eu digo que me asssumi. E que ainda tem mais.

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Flor Tulipa

Só Sei Dançar Com Você

Você me chamou pra dançar aquele dia,
mas eu nunca sei rodar,
cada vez que eu girava parecia
que a minha perna sucumbia de agonia

Em cada passo que eu dava nessa dança
ia perdendo a esperança
você sacou a minha esquizofrenia
e maneirou na condução

Toda vez que eu errava "cê" dizia
pra eu me soltar porque você me conduzia,
mesmo sem jeito eu fui topando essa parada
e no final achei tranquilo...

Só sei dançar com você
Isso é o que o amor faz
Só sei dançar com você
Isso é o que o amor faz

Você me chamou pra dançar aquele dia,
mas eu nunca sei rodar,
cada vez que eu girava parecia
que a minha perna sucumbia de agonia

Em cada passo que eu dava nessa dança
ia perdendo a esperança
você sacou a minha esquizofrenia
e maneirou na condução

Toda vez que eu errava "cê" dizia
pra eu me soltar porque você me conduzia,
mesmo sem jeito eu fui topando essa parada
e no final achei tranquilo...

Só sei dançar com você
Isso é o que o amor faz
Só sei dançar com você
Isso é o que o amor faz

Ouça aqui --> :)

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Começo, meio e fim

Escrevemos nossa história todos os dias, a cada segundo. E ela, muitas vezes, precisa ser revisada, repensada e reescrita. Quando isso acontece é certo de que ventos e trovoadas virão junto para bagunçar nossas ideias, mas que, ao final, terá sido benéfico.
Dar uma chacoalhada na vida é preciso para poder cair, lá da copa da árvore, a flor mais bonita e o fruto mais maduro. E ao cair o melhor dos melhores é a hora de encerrar o ciclo anterior. Se esse ciclo passado não ficar pra trás, as experiências que virão a seguir não serão sentidas profundamente, não serão vividas intensamente.
Apaixonada que sou (perceba: APAIXONADA e não ROMÂNTICA), não sei viver sem sentir, sentir sem me entregar, me entregar e não sofrer. E sofrer pra mim, creia, faz parte do processo. Sofrer é mergulhar no mais profundo do meu eu e eu gosto. De lá é que resgato minha essência, descubro o que tenho de melhor e de pior, é onde eu posso ser quem eu sou.
Eu não sei viver no raso. Eu não sei ser mais ou menos. Gosto de fechar os olhos, abrir os braços, sentir a brisa. E a hora que sei que não estou sendo "eu" é quando permaneço demais na defensiva. Não sou de baixar a guarda facilmente, mas quando essa situação demora demais a passar é sinal de que está na hora de encerrar este ciclo e partir pra outro.
Passo um bom tempo negando o fim, mas sou decidida e prática para acabar com ele assim que noto que passou da hora.
Viver é muito breve, por isso prefiro que valha a pena.

"Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão"
Fernando Pessoa

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

[re]Nascimento

E daí a gente nasce mulher
E cai sobre nós todo o peso do mundo
Então a gente pari
E recai sobre nós toda a culpa do mundo
De um ventre eu nasci
E do meu renasci
Das pedras que me jogam
Dos olhares que me lançam
Dos dedos que me apontam
Das mãos que me espancam
Morro todos os dias
Para poder viver no dia seguinte
Mais mulher
Mais mãe
Mais humana
Grito, sufoco, tormenta, fôlego
............................... paz.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Pessoa, Fernando

Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!!!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
[Fernando Pessoa]

Ode a ele

à noite
fantasmas das coisas não ditas
sombras das coisas não feitas
vêm
pé ante pé
mexer em seus sonhos

(Paulo Leminski)

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Assim

Partes de um todo que já não é

Compondo cada fragmento da alma

Que, calejada, já desistiu de sofrer

A cada tombo, uma nova ferida

Que rasga, que queima, que sangra

E que deixam marcas profundas

E lições sobre o que não sou, o que não fui e o que não sinto

Relendo o passado percebo

A grande insistência de querer escrever minha história

Por longos caminhos solitários

Em grandes sopros de vida

domingo, 1 de setembro de 2013

Déjà vu

a sensação de sempre
a escolha de ontem
a vontade como nunca

ciclos se encerram
verdades se escondem
almas que se perdem

um banho de chuva
a brisa do mar
um pôr do sol

a velha nova música que toca
aquela foto
o beijo

toque
toc
toc

e de novo
um recomeço
fim.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

A OBSCENA SENHORA D - Hilda Hilst

"(...)
escute, Senhora D, se ao invés desses tratos com o divino, desses luxos do pensamento, tu me fizesses um café, heim? E apalpava, escorria os dedos na minha anca, nas coxas, encostava a boca nos pelos, no meu mais fundo, dura boca de Ehud, fina úmida e aberta se me tocava, eu dizia olhe espere, queria tanto te falar, não, não faz agora, Ehud, por favor, queria te falar, te falar da morte de Ivan Ilitch, da solidão desse homem, desses nadas do dia a dia que vão consumindo a melhor parte de nós, queria te falar do fardo quando envelhecemos, do desaparecimento, dessa coisa que não é existe mas é crua, é viva, o Tempo.
(...)."

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Distraídos

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.

Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
Como eles admiravam estarem juntos!

Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham.

Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Clarice Lispector

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Fragmentos de mim

«Ela diz que é o contrário,

que ela não pode esquecê-lo,

que a partir do momento em que não se passa nada entre eles,

fica a memória infernal daquilo que não acontece.»

Marguerite Duras

Doía

Quando a urgência sobrepõe a contemplação. . .

Fica,
faça,
ande!

O que resta é angústia e a sensação dolorida de tudo
o que nunca ficou,
fez
ou andou.






domingo, 18 de agosto de 2013

Aflora

Nem me importo tanto assim
Só penso em você nas noites frias ou em dias quentes pra mim

Talvez nem seja tudo isso, enfim
Quem sabe não passe e, como sempre e para sempre, tenha um fim?

Nem me incomodo tanto, não
Sonhar com você só acontece em dias úteis e inúteis, Paixão?!

Aos 30 ou aos 15, tanto faz
A gente pensa que sabe lidar, mas perde a razão quando alguém tira a nossa paz

Deixa aflorar, tudo bem
Porque eu sei o que quero, só ainda não falei....





domingo, 28 de julho de 2013

Metamorfose


difícil
é
não
notar
o
que

aconteceu

transformação

meta......................................................................morfose

domingo, 30 de junho de 2013

3.0

Trinta!

Não foi de repente
Mulher!

Cada parte de mim quis esse novo ciclo
Sem medo!

Preparada pra ser mais, fazer mais, querer mais e alcançar mais
Vida!

Meus poros pediam, gritavam, clamavam
Vem!

Estou pronta! Pra tudo e pra nada
Estou entregue a mim!!



quinta-feira, 4 de abril de 2013

Pra você

Uma outra beleza, um marco, uma mudança

Fechar os olhos e lembrar

Sentir seu cheiro e ter a certeza de que tudo foi real

A intensidade do momento, entrega, paixão

O que há agora?

O que somos agora?

Fotos, cadernos, palavras, vontades...

A espera de uma nova oportunidade, sigo.

Entre meus dedos, você.

Nas minhas mãos, sua textura. Unhas.

Força, vontade, carinho.

Saudade.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Dois mil e treze

E vai passando o tempo, levando tudo e trazendo mais

Alegrias
tristezas
sonhos
metas
angústias
dúvidas
realizações
mudanças
desistências
atitudes
lágrimas
suor
sorrisos
prazeres
paixões
amores
dores
sabores
morte
vida

Na via crucis de mim.